Castigado pelo teu algoz
Oh, órgão desalmado e sangrador
Persistes em pulsar e impulsionar todos nós
Como se amanhã fosse o último dia do amor
Pujante, garboso, doce e galanteador és
Mas, como te conheço, sei teus reais intentos
Enganador, inseguro, e imprevisível: das luas às marés conheces todos os pés
Disfarça toda mesquinharia e assume que no medo reside teus rebentos
Não te cansas deste teatro, pobre ator?
O papel que deténs há tempos perdeu o encanto
Há, porventura, alguma graça em provocar apenas calor?
Nas estradas cicatrizadas abres e encerras apenas pranto
Proclamam tua nobreza
E com ela insultam a beleza
Confundem a realeza
Porque no fundo carregas apenas tristeza
No teu nome há valor
Teus espinhos irradiam brilho e perdição
Se não tenho piedade dizem que te perdi
Afinal, quem és, Dr. Coração?
Lucena Filho
Lucena Filho
Um comentário:
É desse jeito, muito lindo...
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