sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Concurso público

Vivemos num país onde, basicamente, apenas o Estado remunera seus funcionários dignamente e observa os itens elencados no art. 81 da Consolidação das Leis do Trabalho: alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte necessários à vida de um trabalhador adulto. Isto tem gerado uma distorção no sentido de promover grandes migrações de trabalhadores da iniciativa privada para o serviço público, movidos, legitimamente, por melhores condições de vida.

Em face dessa nova tendência, formou-se uma luta acirrada por uma vaga nos quadros governamentais. Este que vos escreve foi não foi exceção à regra. Não condeno os que se dedicam a alcançar dias melhores (apenas acho que concurso público não é a única ou última saída).

Várias pessoas até hoje me perguntaram sobre como foi meu método de estudo quando passei no concurso do Tribunal Regional do Trabalho, em 2006. A bem da verdade, não creio que existam fórmulas específicas ou mágicas para uma aprovação; tudo se resume basicamente à disciplina e muito estudo. Contudo, tentei escrever dia desses como me preparei no meu certame e decidi compartilhar com todos aqueles que por aqui passarem e se interessem pelo assunto.

Bem, conforme prometido, vou revelar o super, mega, power, ultra, plus, master método que criei. Brincadeira. Na verdade, não se trata de nenhuma fórmula revolucionária, mas sim de uma sistematização de esforços direcionadamente concentrados para o êxito do candidato.

A preparação para concursos depende da empresa organizadora. No meu caso foi a Fundação Carlos Chagas. As provas desta empresa são embasadas na letra da lei (quando se trata de prova para Analista e Técnico Judiciário dos Tribunais) e possuem, em regra, as seguintes características:

A) Geralmente não se cobra jurisprudência ou doutrina. A regra é a letra fria e seca da lei, exceto em alguns tópicos em que não é possível encontrar os temas na legislação, tais como Atos Administrativos, Teoria da Constituição, Classificação dos contratos de trabalho, etc.

B) As provas têm em torno de 60 questões divididas em Português, Raciocínio Lógico, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito do Trabalho e Processual do Trabalho (Quando se trata de TRT), Direito Previdenciário, Direito Penal e Processual Penal e Tributário (Esses três últimos no caso de TRF);

C) O tempo de duração é em média de 4 horas e meia e a prova consta também de uma redação ou caso prático, a depender de cada tribunal. Essa parte escrita pode ter peso dois ou três, ou seja, ser decisivo na classificação do candidato. Por isso, é importante tomar cuidado na preparação nessa área.

D) A prova geralmente segue uma tendência. Por exemplo, na prova de português cai muita interpretação de texto, crase, semântica. Essa prova você tem que acertar no mínimo 80% porque o pessoal da área detona. São cinco alternativas que podem variar de simples opções até aquelas do tipo “estão corretas: a) I, B) I e II, C)II e IV, ETC”.

Meu método de estudo foi o seguinte:

1 – A primeira fase chama-se PLANEJAMENTO. Não esperei sair o edital. Peguei os editais de um ou dois TRTs que tinham feito concurso recentemente, com provas organizadas pela FCC, e fui vendo quais as matérias e assuntos coincidentes e comecei a estudar. Recentemente houve o concurso do TRT de Minas Gerais, Ceará, São Paulo, Maranhão, Espírito Santo. Compare os programas e inicie os estudos a partir das matérias comuns.

2 – A segunda fase do estudo consiste em que você pegue todo o edital e comece a ler toda a lei “de cabo a rabo”. É a fase conhecida como RECONHECIMENTO. Você vai ler tudo sem se deter em determinado assunto para simplesmente ter uma idéia do que vai estudar detalhadamente mais na frente, daí o nome ‘reconhecimento’. Nesse período, não se detenha nos tópicos por muito tempo. À medida que você for lendo, vá eliminando no edital. Simplesmente leia uma vez e passe adiante. Nas matérias que exigem leitura de doutrina, recomendo os seguintes livros:

- DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS – 1000 QUESTOES - EDITORA ÍMPETUS
- DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS – EDITORA MÉTODO
- DIREITO ADMINISTRATIVO PARA CONCURSOS – 1000 QUESTOES EDITORA ÍMPETUS
- DIREITO DO TRABALHO PARA CONCURSOS – EDITORA MÉTODO
- DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PARA CONCURSOS – EDITORA MÉTODO.

Você pode adquirir tais obras pela internet. No endereço www.editorametodo.com.br e www.editorajuspodivm.com.br. Você vai gastar uma grana, mas é investimento.

Lembre-se que seus estudos serão eminentemente de legislação. Então só se detenha na doutrina nos tópicos em que não houver texto legal específico ou se houver dúvida no assunto, daí você poderá complementar os estudos.

3 - Após ter lido todos os artigos de lei e as matérias passe ao terceiro passo. Este consiste em você revisar ponto a ponto tudo o que leu no item anterior e a conheço como INTERNALIZAÇÃO. Nessa fase eu pegava tópico por tópico, ia relendo e fazendo anotações num rascunho. Às vezes transcrevia artigos inteiros, as regras, as exceções, os detalhes. Eu diria que é a fase do real aprendizado, pois você vai gastar a maior parte do tempo nela. O importante é escrever, sublinhar, ler, repetir a leitura, copiar os artigos mais complicados e colocar em locais visíveis. Para você ter uma idéia, eu gastei quase cem folhas de papel ofício transcrevendo aqueles artigos intermináveis. Na parte da doutrina você vai ler e sublinhar as partes mais importantes, lendo atentamente, relendo, anotando, etc.

4 – O quarto passo chama-se APLICAÇÃO. A idéia é imprimir todas as provas de concursos realizadas por tribunais semelhantes ao que você vai se submeter e organizados pela FCC. Eu, por exemplo, gastei um cartucho de tinta e uma resma de folha imprimindo provas dos TRTs do Brasil. Imprima provas de nível médio e superior (www.pciconcursos.com.br/provas) dos concursos do ano 2000 para cá. Resolva as provas sempre de olho no tempo que está gastando para resolvê-las. A cada prova, confira os gabaritos e as questões que você for errando destaque e veja de qual assunto se trata e revise tal assunto. Por exemplo, suponhamos que você resolva uma questão sobre Poder Judiciário (Direito Constitucional) e erre. O procedimento é revisar todo o tópico Poder Judiciário, relendo, sublinhando, etc. Desta forma, você vai revisando novamente a matéria e vai anotando no edital o que já foi revisado. Quando você resolver todas as provas vai perceber que faltou muita pouca pra revisar e aí, o que faltou, é só completar as lacunas com leitura. Outra sugestão é que você adquira o programa Superprovas, disponível no site www.superprovas.com. Custa 60 reais, porém ele tem 135.000 questões de concursos públicos divididos por assunto, prova, etc.

5 – Sempre que terminar de estudar tudo volte a estudar novamente até chegar a data do concurso. Dessa forma, você vai internalizando cada vez mais as informações.

Então, não tem nenhuma mágica. É importante que você dedique pelo menos umas oito horas por dia aos estudos. Eu tive que abrir mão da minha vida social por três meses para conseguir êxito e esse tempo varia de acordo com seu empenho e disciplina.

Ah! Você precisa se lembrar da redação também. Nesse caso não há mistério. Aliás, a redação sempre é melhorada com bastante treino. Escolha um tema por semana e vá escrevendo e peça pra algum professor corrigir. Resolva as provas de português também para pegar o macete da coisa.

Quanto ao raciocínio lógico, tem umas apostilas disponíveis na internet. Mas também só aprende “apanhando”, ou seja, resolvendo os exercícios.

Você pode reprovar no primeiro, segundo, terceiro, quarto concurso. Porém, não desista! Continue fazendo as provas nem que seja por pirraça! O sucesso e o mundo são dos teimosos.

DICA: Estude no máximo duas matérias por dia. No mínimo 5 horas diárias.

É isso! Boa sorte e digne-se a me convidar para a comemoração!

Lucena Filho

2 comentários:

JUJUbildes disse...

Oi!
Bacana as suas dicas. Em maio do ano passado eu pensei em estudar pro concurso do TRT MG. Enrolei, enrolei, o edital saiu, a prova foi em novembro... Dei bobeira e não fiz a inscrição. Podia ter estudado por um tempo bom, né?? Agora é animar pra outro concurso. Tô querendo fazer um cursinho. Vc acha que não é tão necessário?? Trabalhando o dia todo eu não tenho como estudar 8 horas (e nem 5!) por dia!
Abraços!

Bia disse...

Oi, achei muito legal suas dicas...faço quase igual a vc...meu método é muito parecido mesmo! Já gastei vááários cartuchos de tintas imprimindo provas...a cada concurso, gasto, no mínimo, um! Sucesso!!