quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Problema seu

Sabe aquelas atitudes que você sempre tem, mas nunca parou pra pensar sobre elas? Aqueles comportamentos só perceptíveis por nós mesmos quando ouvimos alguém falar sobre eles? Pensou? Perfeito. Então, posso continuar...

No último domingo, como de costume, fui à igreja. O pastor discorreu sobre um tema no mínimo interessante, do qual poucos estão imunes e outros tantos nem imaginam seus estados de doentes da SCP - Síndrome de Culpabilidade do Próximo. Eis o título da ministração: “Em quem está o problema?”. Prestei atenção em cada palavra daquele sermão e cheguei a algumas conclusões, as quais estão diluídas nas palavras a seguir.

Por acaso, o precioso leitor já notou que atrelado ao aparecimento um problema surge a necessidade de acharmos um culpado? Normal para um mundo movido a causas e conseqüências. Mas aí não está o “nó” da questão. A problemática vai além. Trata-se de do costume de sempre designar o outro como responsável pelas nossas intempéries. Os governos culpam uns aos outros, filhos culpam os pais e vice-versa, alunos 'descarregam' nos professores e assim por diante. Tem gente culpando até Deus pelas mazelas da vida.

Todavia, essa postura não é de hoje. Segundo descreve a Bíblia, ao ser questionada pela Serpente o porquê de não comer do fruto proibido, Eva culpou Deus por impor limites. Depois de ceder a tentação, foi argüida pelo Criador e desta vez acusou a enganadora de seduzi-la.

Há uma cultura psicológica de nomear o próximo como a razão de nossas circunstâncias. Por exemplo, imaginemos um caso no qual um sujeito X foi demitido. Se perguntado sobre o motivo de sua saída provavelmente dirá que não sabe a causa, poderá alegar perseguição do chefe ou até mesmo mediocridade do emprego. Talvez 1% dos dispensados assumam que foram despedidos por ineficiência, incompetência no desempenho funcional, falta de assiduidade ou insubordinação.

Com efeito, grande parte de nossas dificuldades são resultados de decisões impensadas e reflexos de deficiências de caráter. Contudo, o orgulho ferido nos faz insistir na idéia de que nunca somos vítimas de nossos erros. Como normalmente precisamos achar bodes expiatórios para nossas tragédias, é muito mais cômodo olhar para os lados e escolher alguém para sofrer a condenação.

Assumir falha e confessar deslize não é uma das coisas mais fáceis. Os padrões ditados pelo humanismo moderno são uma verdadeira apologia ao individualismo e culto ao EU. Daí, ser tão difícil para uma sociedade eminentemente egocêntrica reconhecer suas próprias imperfeições.

Estamos mal acostumados a olhar continuamente para o outro. Quem sabe se ao ler esse texto o paciente leitor não imaginou se tais deduções não seriam perfeitas para Fulano, Sicrano ou Beltrano. E por que não seriam úteis para você? Isso mesmo. Para Vossa Senhoria aí do outro lado que desliza a visão pelos parágrafos deste escrito sem entender o real motivo pelo qual foi redigido.

Não é possível olvidar a seguinte situação fática: ao apontarmos para alguém, um dedo indica nossa vítima, outro vai em direção ao céu e os três restantes nos censuram. E então? Em quem está o problema?

LUCENA FILHO

3 comentários:

Anônimo disse...

Eita primo, tomei um susto com o final do penúltimo parágrafo! A carapuça me caiu como uma luva... rsrs bjos

Adelaide Lima disse...

Venha Kiko, não se misture com essa gentalha!!. Torcer o nariz funciona mais que aspirina pra dor de cabeça, só não é meio contraceptivo eficiente. Não seja tão severo, há uma necessidade latente de busca por motivações e apontamentos externos, afinal, de que outra forma podemos seguir em frente??, precisamos achar maneiras de nos escusar do inescusável.(isso inclui todos os fracassos da nossa vida)...=]

Lauro Ericksen disse...

em resumo, o problema é nosso né hahuaahuahuauhahuahu