sábado, 19 de novembro de 2011

Somente uma dúvida

Castigado pelo teu algoz

Oh, órgão desalmado e sangrador

Persistes em pulsar e impulsionar todos nós

Como se amanhã fosse o último dia do amor


Pujante, garboso, doce e galanteador és

Mas, como te conheço, sei teus reais intentos

Enganador, inseguro, e imprevisível: das luas às marés conheces todos os pés

Disfarça toda mesquinharia e assume que no medo reside teus rebentos


Não te cansas deste teatro, pobre ator?

O papel que deténs há tempos perdeu o encanto

Há, porventura, alguma graça em provocar apenas calor?

Nas estradas cicatrizadas abres e encerras apenas pranto


Proclamam tua nobreza

E com ela insultam a beleza

Confundem a realeza

Porque no fundo carregas apenas tristeza


No teu nome há valor

Teus espinhos irradiam brilho e perdição

Se não tenho piedade dizem que te perdi

Afinal, quem és, Dr. Coração?


Lucena Filho

Um comentário:

Raquel Rodrigues disse...

É desse jeito, muito lindo...