sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Penso, logo desisto

Durante os meus poucos vinte anos de vida sempre gostei de observar as condutas do homo sapiens sapiens. Às vezes penso até que fiz o curso errado. Ao mesmo tempo vejo a curiosidade pelas atitudes humanas como um lado misterioso da personalidade. Curiosidade essa que muitas vezes me faz rir, outras chorar e algumas irritar.

Dia desses desafiei uma amiga a realizar uma tarefa. Recebi um não instantâneo. Nem mesmo quando tinha dez anos e pedia ao meu pai pra dirigir o carro dele fui rechaçado tão rápido. Pois bem, a reação da dita cuja me fez remoer sobre o assunto.

Na verdade, sempre detestei livros de auto-ajuda, cheios de melosidades e truculências literárias - embora eu tenha sido taxado como de estilo Lia Luft. Mensagens do tipo 'você consegue', 'lute pelos seu sonhos' e 'seja um vencedor' tornaram-se não só chavões, mas também motivações sofríveis de criaturas vazias. Todavia, tenho que abrir uma exceção pra o princípio da tentativa e desistência.

Ora, em várias ocasiões também já disse não a inúmeras pessoas, perdi chances e ganhei lágrimas. E isso é o perigoso de se negar um desafio logo de cara. O que leva alguém a não tentar, a dizer que não consegue? Será medo? Vejo o medo como algo importante em determinados momentos de nossa existência. Ele serve como forma de controle moral dos atos animalescos alojados no subconsciente humano. Porém, em doses excessivas e aplicado em certas áreas do comportamento pode bloquear um indivíduo de até mesmo por em risco um futuro, sonho ou idéia brilhante. No que toca ao fato de tentar, a possibilidade de enfrentar o erro e o fracasso simplesmente tem assustado a muitos, fazendo com que as mesmas desperdicem oportunidades provavelmente ímpares.

Corrijam-me se estiver errado: há cinqüenta anos atrás, ao olhar para o céu, o homem nunca imaginaria ser possível ir a lua, conversar com outra pessoa do outro lado do mundo em tempo real, ter carros movidos a hidrogênio, etc. Alguém teve que tentar e errar pra fazer acontecer. Em algum momento, o medo ou receio de falhar bateu na porta dos grandes gênios da História.

Analisemos o setor do petróleo, por exemplo. Até a metade do século XIX, era impensável a perfuração de poços petrolíferos. Então, um cidadão norte-americano chamado Edwin L. Drake, de maneira insistente e enfrentando dificuldades técnicas realizou várias tentativas na intenção de encontrar o ouro negro. E sabem como Drake ficou conhecido? Drake, o louco. Pouco tempo depois o louco era dono de uma empresa petrolífera e desbravou a pesquisa de tecnologias em um dos setores mais lucrativos na atividade econômica. E se ele não tivesse tentado? Seria Drake, o normal. Normalidade inútil.

Só para lembrar: Thomas Edson tentou 1000 vezes descobrir o filamento de nossa lâmpada de hoje; Santos Dumont tentou por 9 anos realizar o primeiro vôo dirigido da história; Lula gastou 13 anos de sua vida tentando ser Presidente; Augusto Cury escreveu um compêndio de 3000 páginas sobre psiquiatria e foi rejeitado de ofício por seus orientadores. Levou 20 anos pra conseguir publicar suas teorias (atualmente é um dos mais respeitados psicanalistas do Brasil e recentemente ultrapassou Paulo Coelho em quantidade de livros vendidos). Em uma frase magnífica do poeta francês Jean Cocteau, é possível sintetizar a realidade destes homens: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá em fez”.

Outros alegam falta de capacidade. Como saber se é incapaz se nunca provou a incompetência para si mesmo? Incapacidade é um conceito puramente relativista. Só afirmo que sou incapaz porque conheço alguém capaz. Com efeito, existe uma pré-disposição inerente a condição humana de se achar inferior ao próximo e de se comparar a outros. Os paradigmas de capacidade são demasiadamente pesados para determinadas pessoas. Por que não quebrar paradigmas?

Portanto, é preciso arriscar. Pensar, em alguns casos, não é suficiente. Às vezes é necessário parar, pensar e decidir. Se somente paro sou inerte, se só penso sou um teorético e se só ajo sou precipitado. Vai lá... arrisca, ao menos e boa sorte!

LUCENA FILHO

Um comentário:

Anônimo disse...

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