quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tibério, a liberdade do cachorro e o golpe da ligação

Essa semana recebi uma ligação desta figura imprevisível, folgada e de um jeito malandro que margeia o estelionato: Tibério. Da última vez que o sujeito me ligou, pelas raias da madrugada, acabei tendo que custear a chamada e ainda ter que suportar suas perguntas desconcertantes.

Estava eu concentradíssimo no parto do meu filho (leia-se “escrevendo a dissertação do meu Mestrado em Direito”) quando vejo “O mala” chamando (Gravei o nome dele na agenda desta forma mesmo). Fiquei logo desconfiado, mas atendi. E lá fomos nós...

T: Alô, alô, alô, Teresinha?!

LF: Que Teresinha, Tibério. Sai dessa! Que queres, homem?

T: Alô, alô, alô?

LF:  me ouvindo?

T: ...cor...tan...do...

LF: Eu não. Só saio no prejuízo nessa história.

T: Deve ser problema na li...nha... tente ligar para ver se...fun...cio...na...

LF: Certo, mas não posso demorar.

T: Ok, ok.

(...)

LF: Alô

T: Ahhh! Agora sim! A ligação tá mais limpa que carro de coleção! Ei, tenho uma história pra te contar: o cachorro estava solto, Lucena!

LF: Hein? Que cachorro? Do que você está falando?

T: Rapaz, tenho um vizinho que cria um cachorro - daqueles vira-latas bem atrevidos - sempre preso. O danado fica na área da casa e não pode me ver que o latido é grande. Eu, como não valho o que o gato enterra, fico provocando o bicho, fazendo zuada, simulando que vou atacá-lo, latindo também e outras muganguitas más. Para você ter ideia, ele é o único cachorro rouco que conheço de tanto que se enfurece ao me ver.

LF: Sim... e...?

T: Essa semana lá vinha eu a pé da aula de Tópicos Especiais de Política, tranquilo, cantando a nova música do Restart (Tá, isso foi uma brincadeira sem graça!) quando de repente o perro, que estava bem escondidinho, veio com gosto de gás e sangue em minha direção. Não sabia se corria, chorava, subia numa árvore próxima, pedia perdão ao animal ou a Jesus Cristo pelas malvadezas acumuladas, gritava, me atracava com ele. Enfim...

LF: E aí, o que você fez?

T: Fiquei bem paradinho, feito bicho preguiça com câimbra.

LF: Deu certo?

T: Deu nada? Quando vi que ele não engoliu meu teatrinho fugi com a mesma rapidez que o Diabo foge da cruz. Por sorte, o portão lá de casa estava aberto e deu tempo ele não me alcançar.

LF: Sei. E você me ligou só para me dizer isso?

T: Não. Liguei para dizer duas coisas. A primeira é que um dia o cachorro pode estar solto (interprete como quiser). E também para dizer que agora consigo imitar direitinho uma li...ga...ção... com o si..nal.. fra...co.

(...)

Lucena Filho

4 comentários:

Patrícia Freire disse...

É uma onda esse seu "amigo" kkkkkkkk

Kylze disse...

Kkkkkkkkkkkkkkkk.. Qualquer semelhança é mera coincidência! Meu BFF este Tibério.

Aparecida Martins disse...

Hahaha Sensacional história.
E que sujeito mais atoa esse seu "amigo", hein? O mais engraçado é a gente atender uma ligação dessas, a essa hora da madrugada, achando ser algo sério, PAGAR por ela e ser "nada". Oh, céus!

Eleandro disse...

Essa história daria um stand up fácil. Muito hilária!!!!